31/08/2012

Por

Ana

Fui correr.
Corri para
esvaziar a mente, para manter o corpo em ordem.
Corri atrás
do meu grupo de treinamento – sou a mais jovem e a mais lenta.
Corri da
chuva – que me pegou duas vezes.
Foram 6
quilômetros, sem parar. E antes disso duas vezes um circuito de subir e descer
uma ponte (+ 2.6 km). Eu odeio essa ponte. Me pergunto se daqui a um mês estarei correndo os 10 km em uma hora – como me prometeram na ficha de
inscrição do curso há 17 semanas.
A
recompensa do treino: uma xícara de chá e três biscoitos – quando eu, na
verdade, queria brigadeiro de colher. Mas tudo bem, holandês nem sabe o que é
brigadeiro.
Minha mente
está vazia, sem stress.  Em compensação
meu corpo grita.
Mas eu fui
correr.
Sei que o
pior está para vir. Então já vou avisando, se amanhã vocês avistarem Julia e
Miguel sujos, maltrapilhos e com cara de fome, a culpa é minha. Não consegui
sair da cama, não consegui me mexer.  Aliás ainda estou ali ó, jogada entre os
lençóis enquanto as crianças perambulam pela casa sem saber o que fazer.
 
– suspiro –
 
Esqueça
esse parágrafo aí de cima que essa não sou eu não.
Mãe não
fica doente, mãe não deixa os filhos na mão. A gente toma dorflex e faz de
conta que não está sentindo nada. Nada mesmo. Nem perna, nem braço, nem abdômen…
Mas eu
corri.