29/05/2013

Por

Ana

Será que ele existe, estes terríveis quatro anos?

Quando a Julia estava na fase dos “terrible twos” a gente brincava que ela estava possuída, porque os dramas, as choradeiras e manhas, que aconteciam esporadicamente, duravam no máximo uma semana. Daí passava o temporal, vinha a calmaria que reinava um bom tempo até o ciclo se reiniciar.
Isso quando ela tinha dois anos…

Aos quatro anos de idade a história é outra: a minha filha anda mal criada, briguenta e resmunguenta há meses. E não é manha não. Tem bateção de porta, gritaria e suspiros profundos que acabam com a paciência de qualquer um. Eu tento entender o que está acontecendo, converso o máximo que posso, explico o que consigo, mas confesso que perco a calma muitas vezes.

E isso me incomoda. Muito.

A gente bate-boca {oi, ela só tem 4 anos!} e eu fico malzona, me sinto a pior das piores. No dia seguinte começamos bem, calmas, cheias de conversa e amores até que ela resolve chorar porque o leite está no copo azul, porque ela queria ter tirado a tampa da pasta de dente sozinha ou porque a saia rosa favorita está para lavar. Coisas importantes assim.

Na boa, isso eu relevo, não dá para querer brigar com uma criança que chora pelo copo cor-de-rosa, dá? Então eu explico, digo que a partir de amanhã ela mesma vai escolher o copo e o prato que quiser, e olha que legal, ela vai ajudar a mamis a colocar a mesa.
Combinado?
E ela afirma com a cabeça, conformada e contente.
E o dia passa, o jantar fica pronto e o mimimi começa outra vez. Um dia é porque ela não gosta de batatas {desde quando meudeussss?} no outro dia é porque tem molho no macarrão. Então ela se joga no sofá, com a cabeça entre as almofadas e me ignora completamente. Diz que não vai lavar a mão e nem se sentar para comer.
Ahã.
No fim das contas ela se senta à mesa e limpa o prato porque não pode sair da cadeira enquanto não fizer o mesmo. E neste tempo uma hora se foi. A briga continua no chuveiro e termina na hora de dormir. E no meio de tudo isso ela dá uns berros que sou stout {má}, heks {bruxa} entre outros tantos elogios.

Até parece episódio da Supernanny, mas não é!
Sou eu mesma, relatando como as coisas andam por aqui. Está difícil…

Eu tento manter a calma e principalmente o tom de voz, meu maior desafio, mas as vezes, muitas vezes, não consigo. E estou ciente {e nada orgulhosa} de que muitos dos atos da minha filha refletem a minha própria postura: se minha mãe grita eu também grito. Lógico. É um ciclo vicioso.
A verdade é que estou meio perdida nesta nova fase da vida da Juju, não estou sabendo muito bem como agir com estas mudanças de temperamento e principalmente com as discussões.
Compreendo que ela está crescendo, que está na escola de “crianças grandes” e que recebe muitas informações novas a cada dia. Também vejo que ela mesma não sabe como lhe dar com a situação, e por isso me desafia, me faz chegar ao meu limite…

E olha, a diferença entre os terríveis dois anos para os terríveis quatro, é o vocabulário, acreditem. Um bebê de dois anos que se joga no chão do supermercado porque ouviu um não é uma coisa, uma criança de quatro que diz aos berros que não quer mais ser sua amiga, que não quer brincar com você ou que você nunca a escuta, é outra.

Então para não ficar louca me orientar comecei a ler. De tudo: blogs, jornais, artigos e livros. Primeiro por curiosidade, mesmo porque eu não acredito que esta fase seja uma coisa única e exclusiva de Juju. Queria saber como as outras mães se viram nessa. E segundo porque eu quero o melhor para a minha filha, quero que ela cresça com segurança, com amor e com respeito, e ai não há espaço para uma mãe ou uma filha gritando descabeladamente pela casa.

A boa notícia é que há solução {uhaaa} a notícia ruim é que as coisas não vão melhorar de um dia pro outro {jura bem?}, então tenho que ser firme, forte e fiel. E acima de tudo, ter muita paciência!

Eu vou seguir tentando minha gente, juro que vou.
Também estou botando fé neste livro aqui, cuja essência é impor limites com respeito, amor e carinho. Parece ter sido escrito para mim, quer dizer, para mim não, para os meus filhos.



Toda criança precisa de limites – educação consequente e amorosa de 0 à 12 anos 

– to be continued –