Eu não gosto de mexerica, tangerina, poncã, bergamota, seja qual  for o nome desta fruta na sua cidade. Quer dizer, eu gosto do sabor mas não gosto do cheiro. Talvez seja de família: minhas irmãs também não suportam o odor. E olha que eu sempre chupei mexerica quando criança. Deve ser trauma de infância, vai saber.

O que eu sei é o seguinte: quando o inverno chega por aqui, ele traz as mandarijnen na mala. Até aí tudo bem, você diria. Por que né, se você não gosta de maçã é só não comer a fruta. Mas quando você não pode com o cheiro da tal, aí complica. E para piorar, os holandeses adoram essas mexeriquinhas que são comidas em TODOS os lugares possíveis. Sério. No ônibus, metrô, na rua, na sala de reunião…

No começo, logo que me mudei pra cá, eu queria morrer, queria levar um pregador de roupa para pôr no nariz, no meio do escritório. Mas frescura tem limite e eu, phyna como sou, ignorei meus instintos nasais. Mesmo porque meus filhos, bons holandesinhos, gostam de mandarina.

“Mãe, porque você nunca compra mandarijn?”

É…

Então eu comprei, dois saquinhos – estava na promoção, pague um e leve dois, sabe como é – e servi as frutas de sobremesa em casa. E apesar do cheiro super forte, pasmem: o sabor estava delicioso. Docinho, docinho e o melhor: não tem sementes! Comi duas. Inteiras.

Então colega, para comemorar a minha superação, vou levar umas três mexeriquinhas amanhã para o trabalho, para me deliciar entre uma reunião e outra. Que tal?

Se você não pode contra elas (as mexericas), junte-se a elas. Rá!