10/11/2014

Por

Ana

Logo após escrever este post sobre nossa rotina, recebi algumas perguntas sobre como faço supermercado por aqui. Não que eu ache que eu tenha achado a fórmula da sabedoria, longe disso, tenho certeza que tem gente muito mais eficiente que eu, mas resolvi abordar o tema porque se eu com meu bloguinho aqui do outro lado do oceano conseguir de alguma forma ajudar alguém, está valendo.

Pois bem, aqui fazemos compra uma vez por semana. Em um passado distante e sem filhos, decidíamos o que queríamos comer na volta do trabalho pra casa, passávamos no mercado e cozinhávamos o desejado. Hoje a história é outra, já penso no que vamos comer com antecedência e faço questão de ter o que preciso em casa para facilitar minha vida.
Também houve uma época, logo depois que o Miguel nasceu, que eu fazia mercado online e pagava para as compras serem entregues na minha linda cozinha. Luxo? Sim, mas vai sair com filho recém-nascido na neve pra fazer compras pra você ver que divertido.
Para ganhar tempo: em alguns mercados há o método de self scan. Você escaneia o código de barras dos produtos que compra, os coloca no carrinho (já dentro da sacola, de preferência) e em seguida faz o pagamento em um caixa automático. É super prático e eu gosto de ver o valor da conta no scan antes de chegar no caixa.

 

Paredão de scan
Normalmente vamos ao mercado de domingo, é mais tranquilo e as crianças me acompanham. Dou tarefas para os dois e eles até gostam. “Julia, escolhe umas maçãs, por favor; Miguel, você consegue pegar a cenoura?”A lista de compras faço com antecedência e online. Cansei de escrever em bilhetes e esquecê-los em casa. Usamos um app (Wunderlist) onde marido e eu temos acesso. Salve a tecnologia: acabou a cerveja/ detergente/ torradinhas? Bota na lista, bem.

 Eu compro em poucas quantidades para não ter desperdício, fora isso, o freezer é o meu melhor amigo – para guardar sobras e me fornecer o que preciso na hora do desespero. Pão eu compro na padaria para a semana toda, congelo em saquinhos que retiro na noite anterior. Fica como fresco, pode acreditar.
Na padoca do bairro não tem pão na chapa e muito menos pingado, mas eu adoro os pães orgânicos cheios de sementes e fibras que são vendidos em Amsterdam

Uma vantagem dos supermercados holandeses é que muitos alimentos vêm limpos, lavados e separados, e você não paga uma fortuna por isso. Um pé de alface americana custa cerca de €0,90, um saquinho com 400 gr. da mesma alface já lavada e picada, custa € 1,79. É o dobro, claro, mas eu acho o investimento válido quando o tempo é curto.

 Outra coisa que faço muito: estocar o freezer com verduras. Em casa sempre tem ervilhas, espinafre e aspargos congelados. Também tenho aderido à compra sazonal, é época de abóboras? Ótimo, teremos risoto com abóbora, abóbora ao forno e sopa de abóboras. Não na mesma semana – ou a família me demite – mas compro uma abóbora inteira, pico em cubos e congelo.

Como aqui almoçamos fora todos os dias, faço compras especialmente para o jantar. O cardápio é pensado (as vezes mentalmente) antes de ir ao mercado. Tenho que calcular comida para 4 ou 5 dias/jantares, dependendo da semana. Fora o lanche das crianças para a escola (pão, frios e frutas) e o básico do dia a dia como leite, iogurte, ovos e afins.

Minha cozinha é grande, mas não tenho muitos armários de despensa, então não adianta eu comprar 8 latas de milho e 5 quilos de arroz porque não vou ter onde guardar. A regra é simples: está acabando algum ingrediente? Bota na lista, bem.
Ai vem a parte mais difícil da brincadeira: o que cozinhar?
Depende da época do ano, do clima e da inspiração da pessoa que aqui escreve. Eu amo stoofvlees, mas não dá pra fazer uma carne dessas em uma quinta-feira qualquer. Opto por receitas saborosas e simples, que ficam prontas em pouco tempo e são aprovadas pelas crianças.
Este foi o menu da semana passada:
  • segunda: macarrão integral ao molho branco com ervilhas frescas (do freezer) e presunto – o prato preferido dos meus filhos!
  • terça: filé de peixe com batatas e purê de abóboras (do freezer) e lentilhas vermelhas
  • quarta: endívia com cogumelos ao molho de roquefort e filé de sobrecoxa de frango – as crianças jantaram na casa dos avós e detestam endívia
  • quinta: batata doce e mandioquinha ao forno (pré-cozidas na quarta), brócolis e linguiça de cordeiro
  • sexta: espaguete bolonhesa (o molho eu havia feito na semana anterior e congelado)
  • sábado: pizza e outras guloseimas de uma festa infantil
  • domingo: saímos para jantar com as crianças
No nosso cardápio também tem bastante strogonoff, peixe com lentilhas, frango assado, penne com atum e de vez em quando arroz e feijão. Para esta semana já comprei os ingredientes para um couscous marroquino, frango com polenta e um bolinho de peixe. Também tenho feijão e sopa no freezer. Que dia vamos comer o quê, ainda não sei. Mas fome ninguém passa ;-)Quando não sei muito bem o que cozinhar, vou free style no mercado. Tomate, abobrinha e um peito de frango posso comprar sempre, mesmo sem saber o que fazer com eles. Lá pela quinta-feira, bate uma inspiração – ou simplesmente fome – e eles acabam indo para a panela.

E se você leu este texto até aqui – longo, né? – tenho outra idéia para te dar: não sabe o que fazer com algum ingrediente? Pergunta pro Google! Sério, por exemplo, você tem umas beterrabas tristes na gaveta da geladeira… dá pra fazer uma salada, uma sopa, ao forno com outros legumes ou até risoto (eu amo risoto, percebeu?). É só fuçar que você encontra alguma receita interessante que combine com o seu paladar.E gente, eu posso ser organizada mas como disse naquele post anterior sobre a rotina: “good enough is the new perfect”. Eu desisti da perfeição há tempos, e comer um tostex no jantar de vez em quando não faz mal à ninguém. Aliás, um ovo frito faz milagres aqui em casa, acredite.

PS: o meu holandês não cozinha, mas ele é exceção. Conheço poucos homens que ficam fora da cozinha neste país.