24/06/2015

Por

Ana

Provavelmente ela não saiba, mas Julia está em uma fase linda da vida, aprendendo a ler e a escrever. O processo de alfabetização começou cedo na escola, sem stress, carimbando vogais, vasculhando o alfabeto em forma de quebra-cabeça e brincando assim, de montar palavras.

Me encanta vê-la em ação. “Mamãe, ali está escrito ikea”, me disse esses dias do carro enquanto passávamos em frente a loja de móveis. E os bilhetes e cartas que são produzidos em ritmo quase frenético? Uma fofura. Ela escreve as palavras como ouve, o que nem sempre sai em correto holandês: letras invertidas, de cabeça para baixo e frases super longas com palavras sem espaço entre si. Já guardei vários bilhetinhos, é muito amor.

E nesta fase quem também tem aprendido muito sou eu, a alfabetização é diferente do Brasil, pelo menos do que me lembro. As letras por exemplo, são chamadas pelo som que fazem e não pelo nome. O “m”  não é “eme” e sim “mmm”, pois emite este som ao ser pronunciado. A principio achei super estranho ver minha filha soletrando coisas pela casa toda, fazendo barulhos esquisitos, mas depois me acostumei e hoje vejo que há uma certa lógica no aprendizado.

O bonitinho é que o Miguel entrou na onda da irmã, fica repetindo os barulhos dela sem saber o que significa. Aponta um cartaz e fala “Mmm – á – xiii-  íí, Miguel, tá escrito Miguel, mama”. Ele não tem a mínima ideia o que é bem engraçado.

Com o interesse cada vez maior da Julia pelos livros, nosso ritual de ir para a cama mudou. Ela já não quer mais que leiamos para ela, quer ler sozinha. Miguel corre, escolhe seu livro e aguarda ansioso pela história de cada noite, enquanto Julia em seu quarto soletra vogais e consoantes formando palavras. Há dias em que ela quer ler para o irmão e nós a ajudamos, incentivamos, mas na maioria das vezes quer ficar só.

Ela tem alguns livros de sua preferência em casa, outros emprestamos da biblioteca, fora isso seu professor separou alguns títulos para que ela possa praticar. Falamos com ele sobre incentivar e ele nos disse que o apoio dos pais é bem-vindo, mas sem stress, sem querer forçar a barra. Coisa que eu apoio.

Esses dias ela se aventurou em livros em português. Leu as palavras do jeito que está acostumada em holandês, e logo percebeu que não fazia muito sentido. Eu expliquei que em outra língua é diferente e que quando ela estivesse pronta, a ensinaria.

Veremos.

exemplo de como as crianças aprendem a soletrar na escola, a foto é de um livro antigo e eu acho as ilustrações nostálgicas