11/03/2016

Por

Ana

Holandês é muito prático, coisa que gosto muito. Facilita a minha em vários sentidos. No entanto, quando o assunto é presente, acho a funcionalidade holandesa um tédio: você faz uma lista com aquilo que quer ganhar, a pessoa escolhe um item e pronto. Yay! Todo mundo feliz. Isso quando você não ganha um cadeaubon, um desses vales presentes que aqui vende até na farmácia. Tão impessoal, pragmático, mas impessoal.

“Ah, mas o que é mais legal do que ganhar um presente? Ganhar o presente que você quer!” – me contesta meu querido holandês.


No fundo ele tem razão. Ganhar perfume é bom, mas se não for do seu gosto, é roubada. E sim, mesmo sendo mega eficiente no assunto, ele já me surpreendeu inúmeras vezes, ou seja dá para inovar.

Acontece que neste final de semana é aniversario da Julia, 7 anos. E minha filha tem um gosto peculiar: ela sabe o que quer – e principalmente o que não quer. Este ano, por exemplo, ela quer uma festa com as amiguinhas em uma manege, uma espécie de hípica. Julia faz aulas de equitação e é apaixonada por cavalos, por ela morava ao lado de um estábulo.

E presente?

“Sabe, mãe, o Sinterklaas e o papai noel trouxeram tudo o que eu queria”. CATAPLOFT: meu queixo caiu. Fiquei orgulhosa dessa minha filha holandesa-não-consumista. Mas com a festinha chegando e os pais das amiguinhas perguntando o que ela gostaria de ganhar, Juju acabou cedendo à verlangenlijst e fez uma listinha: um jogo, um livro, cola, papel, purpurina, canetinhas, uma lanterna nova para a bicicleta, um estojo, um bicho de pelúcia e um skate.

Passei a lista adiante.

Já eu decidi optar pelo elemento surpresa: uma mochila nova. A dela é antiga e está pequena para a escola. Dei uma fuçada online, escolhi umas lindinhas da minha marca favorita e bateu a duvida. Será que ela vai gostar?

Ok, ok, estamos falando de um presente de aniversario para uma menininha de 7 anos, helloooo. Mas ela é minha filha e essas coisas são importantes. Relativamente importantes. Chamei a Julia no canto e disse que queria lhe presentear com uma mochila nova. Ela achou a ideia ótima. Yes! Dai lá fui eu, toda empolgada, mostrar minha seleção de estampas para ela. Tinha modelos de listras, de flores, de sorvetes, de uma cor só e pouquíssimo rosa – a cor que ela menos gosta. E adivinhe? Ela não gostou de nenhuma.

Eu ri, dei um beijo nela – adoro seu caráter sua sinceridade – e pedi para que ela me mostrasse o que ela gostava, para eu ter uma ideia. Escolheu um modelo colorido, tipo arco-íris de uma marca de skate – ela não tem ideia de marca, a propósito. E eu fiquei pensando nas sábias palavras do holandês: afinal, ganhar um presente que a gente quer, é muito mais legal do que ganhar um presente.