29/04/2018
Por
Ana
Sexta-feira de sol, 5 crianças brincando em casa. Os dois adultos tinham ingressos para o cinema e um convite irrecusável para uma recepção no Rijksmuseum – tipo, tomar vinho e apreciar Rembrandt, oh yeah. Decidimos combinar os dois programas já que somos péssimos positivos em planejamento e tinhamos baby sitter. Vale night, bebê.
O plano era sair as 6 da tarde de casa, teríamos tempo suficiente para tomar um drink no museu e ver a exposição que eu tanto queria conhecer. De lá caminharíamos tranquilamente até o cinema para um filme e pipoca. Tudo perfeito até a vida aparecer com seus imprevistos.
Quase 7 da noite e eu deveria estar lindamaravilhosa tomando meu vinho branco no museu. Porém, todavia, contudo, estava eu suada, de shorts e camiseta – com o cabelo preso pra cima com uma daquelas presilhas bregas que a gente só usa em casa – servindo um jantar rápido para meus filhos e seus amigos. A babá ainda não tinha chegado, muito menos meu marido. O bonde que liga o centro da cidade ao nosso bairro havia quebrado naquela tarde e o transporte publico estava um caos, a baby sitter estava há mais de uma hora a caminho.
Stress & frustração. Proost.
Respirei fundo e aceitei que a tal recepção no museu ficaria para outro dia. Também comecei a pensar na possibilidade de perder o filme. “Quem sabe rola uma outra oportunidade “. Talvez nossa noite a dois acabaria em um dos barzinhos do bairro mesmo… Se a baby sitter chegasse. Bem, melhor que nada.
Aproveite o que você pode aproveitar
Existe uma expressão holandesa que diz o seguinte: “pakken wat je pakken kan”. Literalmente “pegue o que você pode pegar”. Parece egoísta e soa extremamente oportuno, mas a interpretação depende do ponto de vista. Eu a uso como “aproveite o que você pode aproveitar” e te digo que a frase define muito bem esta fase da minha vida.
A babá chegou, o marido chegou, corri para o banho, coloquei a primeira roupa que vi no armário, chamamos um taxi e voamos para o cinema. Chegamos a tempo, vimos o filme e ainda tomamos um drink na cidade. A caminho de casa, encontrei duas amigas queridas – olha a sorte! – e no fim tivemos uma noite muito bacana (a dois!).
Eu tenho uma lista enorme na cabeça de coisas que quero fazer e nem sempre essas coisas saem como eu espero. As vezes por falta de tempo, de dinheiro ou de outras prioridades. Sou super entusiasmada, tenho muita energia e minhas expectativas são altíssimas. O que acontece então quando eu não consigo fazer algo planejado? Fico desapontada e frustrada. Muito frustrada.
Tenho tentado baixar minhas expectativas – por mais broxante que soe – e penso como meus conterrâneos holandeses: pegue o que você consegue pegar – no sentido mais positivo possível. Se eu fico chateada quando alguma coisa não sai como planejado? Muito. Eu queria tanto ter ido ao museu naquela noite. Aceito ficar triste e desapontada, mas não esperar muito do planejado te dá a oportunidade de aproveitar das coisas que acontecem sem querer.
Uma horinha para ler ao sol porque o Rafael dormiu mais do que o de costume, ou um passeio sozinha pelo centro porque a aula da filha demorou mais do que o esperado, tenho aproveitado mais desses momentos que acontecem inesperadamente.
Também tenho tentado aceitar que as coisas nem sempre saem como esperado. E quer saber? Tudo bem. Eu faço o que posso fazer. E isso significa que de vez em quando eu tenha que deixar de ir à recepções bacanas no museu.
Eu também me frustro muito quando algo que eu imagino de um jeito, acontece totalmente ao contrário. Realmente não é fácil evitar ficar desapontada. E é horrível como isso afeta o meu humor e consequentemente todo o meu dia (ou dias…).