27/04/2012

Por

Ana

Essa semana teve festinha de despedida na escolinha das crianças, seis professoras não tiveram seus contratos renovados – essa é a maneira politicamente correta de dizer que foram demitidas. Festa, festa no sentido alegre de comemorar não foi. Teve discurso, presente e lágrimas. Há um mês os pais haviam sido informados que devido à crise econômica a quantidade de crianças havia diminuído o que levava a escola a reorganizar: os grupos ficaram menores, algumas classes fecharam e com isso o número de funcionários diminuiu. Triste para todos. Principalmente para as professoras que perderam seus empregos. O governo holandês ajuda financeiramente famílias que colocam seus filhos em creches particulares, aqui a escola é pública e a partir dos 4 anos. Antes dessa idade, as crianças podem frequentar gratuitamente o ‘peuterzaal’ (pré-escola) algumas horas por semana. Para pais que trabalham, essa opção não é ideal, então muitos pequenos acabam indo para as creches que estão abertas em tempo integral. Enfim, com a chegada da crise, o governo teve que cortar gastos, e com isso o ‘subsídio escolar’ diminuiu. Sendo assim, muitas famílias tiveram que tirar seus filhos das tais creches… É estranho ver como o país mudou nesses últimos anos. Eu inscrevi a Julia em 8 escolinhas quando estava no terceiro mês de gravidez, há quase 4 anos atrás. Na época, ninguém me prometeu uma vaga, apenas listas de espera de mais de um ano. E quando cheguei na Holanda então, em 2004, havia muito trabalho. Quantas vezes não vi alguém largar a profissão porque não gostava mais do que fazia. Imaginam, quando no Brasil alguém deixa o emprego para pensar no que quer da vida! A gente simplesmente agradece por ter trabalho e segue em frente, não é? Acho que nesse aspecto a mentalidade holandesa está mudando. Em tempo de crise, o negócio é trabalhar duro e dar valor ao que temos, isso sim. E eu espero que essa crise passe logo, e que as professoras de todas as creches encontrem uma boa escolinha para trabalhar. Melhor listas de espera do que desemprego.