12/08/2012

Por

Ana

Quando o assunto é paternidade eu tenho dois pontos de referência na minha vida: meu próprio pai e o pai dos meus filhos.

E hoje eu quero falar sobre o meu pai.

O meu pai sempre trabalhou muito, sempre mesmo. Muito mesmo. Tanto que não consigo separar a palavra trabalho de pai. Simples assim. E por ser assim, ele exigia o mesmo de nós três em casa (tenho duas irmãs mais novas). Tirou nota boa na escola? “Não fez mais do que sua obrigação”, era a reposta. Então a gente estudava. E fazia aula de inglês, espanhol e francês. Não por que éramos obrigadas, mas por que queríamos aprender, ter sucesso e ser como nosso pai que trabalhava muito, dia e noite. Também fazíamos esportes e brincávamos muito. E matávamos aula para jogar vôlei (quer dizer, eu matava). E nunca nos faltou nada em casa. Tínhamos o que comer, beber e ainda o que dividir com os outros. Tínhamos férias, viagem para a Disney e para a casa das avós nos interiores de São Paulo e Minas.

O meu pai não tinha nada quando criança. Acho que nem muita esperança de uma vida melhor. Mas por sorte ele nasceu com um negócio danado chamado força de vontade. Então ele saiu do seu nada e foi crescendo aos poucos. Sempre determinado. Lutou muito para ter o que tem. E acho que assim, porque ele nunca teve nada mesmo, queria mostrar pra gente que o nosso tudo tinha sido difícil de conseguir. Que o tudo não cai do céu. Que para sair do nada a gente tem que se esforçar, mesmo que isso signifique sair cedo da cama para trabalhar e tirar nota boa na escola (vai explicar essa lógica para uma adolescente).

E nós crescemos assim. Com um pai rígido e cheio de regras, mas com um coração gigante, do tamanho de um touro – porque forte ele é. Um pai que mesmo sendo meio militar sempre nos deu liberdade para tomarmos nossas decisões e seguir nossos caminhos. Um pai que sempre nos apoiou e que sempre esteve (e está) ali para nos segurar – no matter o tamanho do tombo.

Então eu não lembro se meu pai participou de todas as festinhas da escola, se ele assistiu a todas as apresentações de ballet e aos meus jogos de vôlei. E eu sei que ele não faz supermercado, não cozinha (churrasco não conta), não lava a louça e prefere dar dinheiro para o taxi do que ter que te buscar de madrugada em alguma balada (o taxista era conhecido, tá?). Mas ele sempre esteve presente na minha vida, mesmo agora que vivo a 10 mil quilômetros de distância.

E hoje, com três filhos, eu entendo meu pai mais do que nunca. E o agradeço pelas broncas, pelos ‘nãos’ e por tudo o que ele fez e ainda faz pela gente.

Obrigada pai. Hoje e sempre.

Feliz dia dos pais brasileiros

PS: o dia dos pais na Holanda é comemorado em junho.