30/09/2012

Por

Ana

Chego em casa tarde, as crianças já estão na cama.

Tenho fome.

Entre uma garfada de macarrão e um gole de vinho tinto, respondo uma mensagem no meu telefone. Um what’s app da minha irmã Andreia. “Está tudo bem aí?”, ela pergunta. A conversa se deslancha, falamos de filhos, trabalho e blusinhas da Zara.

Essa é uma cena que se repete quase diariamente na minha vida – não o de chegar tarde em casa, tá?
Troco inúmeras mensagens por what’s app com a família toda. Muitas delas acompanhadas de fotos e vídeos. Porque se minha mãe pergunta o que estamos fazendo, eu mostro! Simples assim. E lá vai mais uma foto da Julia brincando de quebra-cabeça, ou do Miguel que está quase (mas quase mesmo) engatinhando.

Essa foto rodou pelo what’s app da família toda

Não sei como seria minha vida sem essa tecnologia toda. Também não sei se ficaria enviando mensagens para as minhas irmãs o dia todo se morasse em São Paulo. Mas estando a milhares de quilômetros de casa, me conforta a idéia de ter um telefone ligado à internet. E todos aqui em casa já estão acostumados a isso.

Toca o telefone, eu digo que é a titia e a Julia me pede para ver o primo. Isso mesmo, ver. Porque a gente liga via Facetime, que é para mim a melhor invenção do mundo. Thanks Apple. O negócio é tão genial (e viciante) que todo mundo lá de casa já comprou um iPhone para poder ‘se ver’. Então eu ligo para o meu pai, via wifi, com o meu telefone. Tipo um skype no celular. Não é o máximo? Eu acho.

É claro que a distância é de morrer e há dias, principalmente nos finais de semana, que o que eu mais queria era dar uma passada na casa dos meus pais, buscar as minhas irmãs para ir ao shopping, tomar café na casa das minhas amigas e ir nos churrascos na casa das minhas tias. Mas não dá. A minha realidade se chama Holanda bem.

O consolo é a tecnologia. E sendo assim, pelo smartphone, eu me sinto mais perto de todos. É como se de alguma forma participasse da vida deles – também, eles esfregam o iPhone na churrasqueira para me mostrar as picanhas cada vez que ligo!

Mas fora as picanhas e as linguiças, eu também vejo meu sobrinho cantar no telefone, o vestido da minha irmã mais nova e o resultado da reforma de meses na casa da minha outra irmã. E assim vou vivendo. Vamos vivendo. Muito longe mas de alguma forma perto. Não dá para sentir cheiro, tocar a pele e dar um abraço gostoso. Mas dá para participar de alguma forma da vida deles, e eles da nossa aqui. E dá para matar um pouquinho da saudade também. Só um pouquinho.

PS: Esse post faz parte de uma blogagem coletiva do Mães Internacionais.