17/02/2015

Por

Ana

A escola perguntou se alguém queria ser klassenouder, algo como “pais da classe”,  estavam a procura de um pai ou mãe que ajudasse o professor na comunicação com outros pais e na organização de eventos e atividades.

“Eu não posso, me parece uma tarefa para quem não trabalha” contestou uma amiga.

Encuquei.

Sim, eu trabalho fora full time e sim, eu adoraria ajudar na escola. E por que tem que ser assim: quem está em casa tem que estar disponível para a escola? E o pai ou a mãe que trabalham não podem ajudar? Acho que uma coisa não tem a ver com a outra. Talvez quem fique em casa tenha mais tempo disponível, mas não quer dizer que a pessoa seja obrigada a encarar todos os trabalhos voluntários.

Uma das mães – que coincidentemente não trabalha fora – topou metade da tarefa, ela disse que assumiria a função se alguém ajudasse. E adivinhem que resolveu ficar com a outra metade? Euzinha. Achei a solução alias ótima, ajudaria 50%, mas ajudaria.

A primeira coisa que fizemos foi conversar com o professor para esclarecer o que nos esperava. “Somos inexperientes”, dizemos em coro. Ele nos explicou o que deveríamos fazer e que nem era tanto trabalho assim. Ahã.

Uma semana depois veio nossa primeira tarefa: uma reunião de boas vindas com os pais de um novo aluno. Terça-feira às 10:30 da manhã.

Oi?

Eu não podia. Por mais flexível que meu trabalho seja, eu tenho minhas responsabilidades. Me senti uma tonta. Porque mesmo havia topado esta tarefa sabendo que eu provavelmente não poderia estar presente? Mas antes mesmo de pensar em uma desculpa dar uma resposta, a outra mãe, minha parceira nas tarefas de “mãe da classe”  se prontificou. Ufa.

Eis que na mesma semana veio o segundo pedido do prof: retirar as etiquetas dos livros emprestados que seriam devolvidos para a biblioteca. Tirando a parte que eu iria destruir minhas unhas (cuidadosamente esmaltadas a cada 15 dias), desetiquetar livro – nem sei se a palavra existe – eu sei! O professor me aconselhou a convidar pelo menos outros 5 pais para a tarefa, afinal, tínhamos livros de 5 classes para descolar.

Tja comigo! Mandei aquele e-mail amigo para TODOS os pais da classe da Julia, super vriendelijk, bem amável, o que me rendeu ZERO respostas. Na verdade duas pessoas responderam dizendo que não poderiam ajudar, e só.

Matutei, me imaginei a manhã inteira sozinha na escola com as caixas de livro e tive uma idéia: convidar os pais para um café, na escola mesmo. O objetivo era bater um papo, conhecer outros pais e desetiquetar livros tomar um cafe rápido depois de deixar as crianças na escola.

Funcionou! No dia marcado um grupinho se formou na cozinha da escola. Enquanto uma mãe servia o café e um pai abria o pacote de bolachas, adivinha quem apareceu com uma caixa de livros? Tcharam!  Só faltou gritar surprise.

Em uma hora tomamos 2 jarras de café, descolamos adesivos de 5 caixas de livros e conhecemos 6 novos pais. Não doeu e ninguém achou ruim, pelo contrario, ajudar faz bem.

Eu posso não ter muito tempo livre, mas talento para um café, ah isso eu tenho. Agora vamos ver o que me aguarda nesta nova carreira de mãe da classe.