Uma hora e meia foi o tempo em que levei para sair ontem do estacionamento de um centro comercial próximo de Amsterdam. Ficamos parados, dentro do carro, em um monstruoso engarrafamento dentro de uma garagem.

“É a páscoa”, foi a resposta do guarda de trânsito que tentava organizar – sem muito sucesso – a bagunça motorizada no local. Achei que fosse natal, começo de uma guerra, terremoto, sei lá. Felizmente nem entrei no supermercado que devia estar uma loucura. Fui embora frustrada pela perda de tempo e ao mesmo tempo aliviada pois já havia feito as compras para o feriado.

O que eu tenho notado é que a páscoa tem se tornado uma daquelas datas onde reunimos a família e amigos para comer, a parte religiosa nem sempre é lembrada. Li em um jornal local que apenas 10% da população holandesa de fato celebra a ressurreição de Cristo, mas pela quantidade de gente que vi no tal shopping, acredito que boa parte dos holandeses se encontra com a família para uma refeição especial nestes dias.

Ao invés de um belo almoço com bacalhau, aqui normalmente organizamos um café da manhã ou brunch. Tudo no maior capricho, as lojas aliás estão cheias de produtos especiais para esta data: tem manteiga e presunto em forma de coelho, guardanapos coloridos com motivos especiais, fantasia para as crianças e muitos objetos para decorar a casa e a mesa para o feriado. Também comemos paasbrood, um pão doce com passas e castanhas recheado com uma pasta de amêndoas e açúcar, pura tentação.

Nós iremos comemorar a páscoa no domingo e na segunda-feira, que aqui também é feriado – sexta-feira santa não é facultativa, apesar de escolas e universidades fecharem suas portas. Eu vou preparar um brunch para a família, adoro uma mesa farta, não nego, mas vou pegar leve este ano: com quase 38 semanas de gestação estou sem pique para passar horas na cozinha. Também quero organizar uma caça ao tesouro para as crianças. Vai ser simples e gostoso.

Feliz páscoa!