07/06/2016

Por

Ana

Quando eu me mudei pra Holanda, em 2004, fiz um acordo com meus pais (entre tantos). Combinamos que se acontecesse alguma coisa com alguém da minha família, que eu não iria ficar sabendo de imediato, afinal, com 10.000 quilômetros de distancia, pouca coisa poderia fazer.

Isso combinamos quando eu ainda estava no Brasil.

Uma vez aqui, este trato me pareceu absurdo e tudo foi descombinado. Não que eu pudesse fazer alguma coisa, mas ao menos queria saber, participar e dividir a dor, quando possível. 

Ontem minha avó faleceu. Minha irmã mais nova me ligou no mesmo momento de FaceTime. Conversamos como se eu estivesse ali, só ficou faltando mesmo o abraço apertado. Por mais que estivéssemos esperando a partida da minha avó – ela sofreu um ataque cardíaco fortíssimo há três meses e desde então estava em coma – receber esta noticia com um oceano de distancia, foi muito triste. 

Eu sei que se estivesse lá ao seu lado, pouco poderia ter feito. Até havia me despedido da minha avó,  mas como uma amiga minha disse: tem horas que estar longe dói mais do que de costume. 

E dói mesmo.

O que eu queria agora era dar um abraço forte nos meus pais, tios, tias, irmãs e primos. Chorar junto e relembrar as tantas historias da minha avó. Ela era uma pessoa muito alegre, forte e cheia de vida. Fazia o melhor pão de queijo, doce de leite, goiabada e biscoito do mundo. Dona Marieta vai deixar saudades e seus causos, suas manias e sua alegre risada ficarão na memória.  

4 gerações: eu, Julia, minha mãe, minha avó em 2009 

PS: aqui tem um texto mais feliz de quando minha avó completou 80 anos.