25/05/2017

Por

Ana

Pling. Toca meu telefone na saída do trabalho, resolvo checar a mensagem antes de começar a pedalar. Era o holandês.

“shiiiiiit”, estava escrito na tela, o texto acompanhava uma foto de um peixinho laranja boiando de barriga pra cima.

Dois dias durou o peixe. Memoráveis 48 horas. Neste tempo ele, e seu parceiro branquinho, ganharam carinho, amor, comida pra caramba e uns 6 nomes diferentes. “Sky” en “Landers”; “Tico”  e “Teco”; “Darth” en “Vader”. Cookie e Snoopy foi o que ficou. O laranja é do Miguel, o branco da Julia.

Os peixes foram ideia do holandes que resolveu presentear as criancas depois de um jogo de hockey com direito a gol e um bem sucedido torneio de judo. Felicidade plena em casa. Dois saquinhos com água e animados peixinhos, um saquinho com pedrinhas brancas, plantas e um aquário com luz e bombinha – “para ficar mais tempo limpo”, me explicou o marido.

Mal sabem eles que eu sou uma pessoa experiente com peixes de estimação: teve a vez em que o saquinho abriu no carro da minha mãe enquanto ela dirigia pela marginal em São Paulo – e que eu e minha irmã, histéricas, não tinhamos coragem de pegar o peixe com a mão.  Também a vez em que eu fui limpar o aquário e ‘flup’ deixei o peixe escorregar pelo ralo da pia… me lembro do dia em que minha irmã mais nova esmagou um peixinho de amor, ela era pequena e estava brincando com o aquário. E minha ultima experiência foi com um peixinho dourado suicida. Cheguei em casa e achei que o que brilhava no chão da sala era um papel de bala: alia jazia o douradinho.

Mas o peixe desta vez não era meu, era das crianças. E entre contar o que tinha acontecido e tentar achar uma loja aberta em plena segunda-feira às 5 da tarde, fiquei com a segunda opção. O duro foi encontrar a tal loja, aqui na Holanda o comercio fecha cedo e nem tudo abre às segundas.

O holandês saiu de carro, eu pedalava freneticamente em busca do tal peixe. Fiz o caminho por Diemen, uma cidadezinha aqui ao lado de Amsterdam. “Quem sabe”, pensei. Chegando no centrinho comercial avistei o “De dierenparadijs”, o nome me dava esperança, afinal era o paraíso dos animais. Entrei afobada na loja e só vi ração de cachorro.

–       Vocês vendem peixes?, perguntei até meio sem graça.

–       Sim, no andar de baixo.

Yes! Mostrei a foto do peixe boiando e expliquei a situação para a vendedora.

–       Tem que ser um mais ou menos assim, olha. Pequeno, laranja e com esse rabo.

–       É um sluierstaart.

Paguei o peixe e corri pra casa antes das crianças chegarem. Pedalei com cautela: imagina o saquinho estourar na bakfiets? Felizmente deu tudo certo, ninguém nem notou a diferença. Quer dizer, a Julia disse no dia seguinte que o peixe do irmão estava comendo bem “olha que barrigudinho ele está”. Se ela soubesse…

Agora espero que este laranjinha dure um pouco mais que seu antecessor. Do contrario, sei que a solução se encontra no paraíso dos animais por € 3,95.