06/11/2018

Por

Ana

Desde que a Julia começou a estudar a segunda guerra mundial na escola, ela me pedia para visitar a casa da Anne Frank. No começo duvidei: será que minha filha de apenas 9 anos estaria preparada para encarar de perto um momento tão delicado da historia? Veja só, aprender sobre a guerra morando em Amsterdam te eleva a um outro nível: tudo se torna tangível, podemos visitar os locais citados nos livros, caminhar pelas ruas ocupadas nas fotos e estar fisicamente presente no esconderijo da família de Anne Frank.

Pensei bastante antes de comprar os ingressos para o museu. Queria sim educar minha filha, mostrar o que esta guerra nos ensinou levando em consideração sua idade. Resolvi então começar este “processo” da forma que mais combina com ela: lendo. A Julia devora livros então comprei o livro em quadrinhos da Anne Frank.

Ela leu o “gibizão” em uma semana, nós conversamos e eu reservei nossas entradas para visitar a Casa da Anne Frank. Fomos em um domingo ensolarado, só nos duas. Ela estava super animada e bem curiosa. Chegamos a tempo, ficamos na fila onde segundo ela “todo mundo falava inglês” e entramos para a visita.

Visita à casa de Anne Frank

emoção e felicidade durante a visita

Na entrada recebemos um audio tour: uma caixinha de som que nos contava a historia de cada espaço que visitávamos. Achei esta parte fantástica e a Julia era a melhor aluna da classe, ouvia tudo com calma, lia as cartas, documentos e legendas expostas com dedicação – a vantagem é que tudo está escrito em holandês e inglês. O curioso é que ela reconhecia nas fotos lugares que conhecemos e visitamos. “Mamãe, olha, passamos agora por esta rua”, ela me mostrava uma foto de um Rozengracht invadido por tropas Nazistas.

Como o museu libera um numero de pessoas por hora, a visita acaba parecendo uma grande excursão em grupo. Uma massa de pessoas se locomove de sala em sala, cada qual com seu fone colado ao ouvido. É uma visita sóbria, íntima e delicada: a guerra dá um tapa na sua cara e o passado de milhares de judeus é esfregado debaixo do seu nariz.

Julia achou tudo muito curioso e não entendia as restrições que os judeus foram forçados em Amsterdam. Como estudar em escolas especificas, não sair na rua a partir de tal hora, não poder frequentar praças e mercados públicos e não poder brincar fora de casa. “Como assim as crianças não podiam brincar na rua?’, ela me perguntava com os olhos arregalados. Então…

A parte mais esperada e mais emocionante foi sem duvidas o encontro com a estante de livros, porta para o esconderijo da família de Anne Frank. De lá você entra no mundo secreto vivido por aquelas famílias durante dois anos. Não há móveis, apenas quartos vazios preenchidos pelo passado de guerra. O papel de parede é original assim como algumas fotos e colagens na parede. É surreal e extremamente pesado caminhar por aqueles espaços, se colocar por um instante no lugar daquelas famílias.

Visitar a casa onde Anne Frank se escondeu foi uma experiência forte e emocionante, dividir estes momento com a minha filha, foi único! Conversamos sobre família, companheirismo, liberdade (e a falta dela). Foi um dia especial. Terminamos nossa visita em um café e de recordação Julia ganhou um novo livro: o diário de Anne Frank, não a versão em quadrinhos e muito menos a infantil. Ela me pediu o livro “original” e em holandês.

Casa da Anne Frank em Amsterdam

Ingressos para a casa da Anne Frank

Os ingressos para a casa da Anne Frank são vendidos exclusivamente online no site do museu. Não há mais venda na porta. Se você tem data marcada para sua estadia em Amsterdam, compre o quanto antes seu ingresso. No site você escolhe o dia e o horário da sua visita. 80% dos ingressos estão disponíveis com 2 meses de antecedência, 20% dos ingressos são liberados no dia. Sempre pelo site do museu.

A entrada custa € 10 euros para adulto, € 5 euros para crianças entre 10 e 17 anos e é gratuita para crianças até 9 anos. O museu cobra uma taxa de de reserva de € 0,50 euros por ticket.

Se quiser saber mais sobre a cultura judaica na Holanda, eu recomendo este passeio: uma caminhada pelo bairro judeu em Amsterdam. Na minha lojinha você pode comprar um ingresso para visitar O Museu Histórico Judaico e a Sinagoga Portuguesa, uma das mais lindas do mundo.

Vista da casa da Anne Frank, em Amsterdam

Esta é a vista da casa da Anne Frank no canal Prinsengracht, em Amsterdam