13/07/2022

Por

Ana

Logo que me mudei para Amsterdam, eu costumava procrastinar várias coisas no que se refere a saúde. Eu postergava tudo o que podia para quando fosse de férias para o Brasil. Uma visita ao ginecologista, ao dentista e ao salão (ok, cabeleireiro não é saúde, mas entrava no meu “pacote de férias anual”). Até que um dia uma obturação caiu e eu me dei conta que apesar de já ter anos de Amsterdam, não conhecia nenhum dentista nas redondezas.

Encontrei um dentista de emergencia para a tal da obturação e resolvi que era hora de mudar esta coisa de ir a médicos e profissionais de saúde durante as férias, afinal estava morando em Amsterdam e precisaria de assistência local. Hoje peço meus exames ginecológicos ao huisarts, frequento um dentista do bairro e vou ao salão do Gleiton, há anos.

Mas apesar de ter minha lista de profissionais – brasileiros e holandeses – em dia e evitar atendimentos durante as férias, me peguei (quase) marcando uma consulta com um ortodontista para o mês de julho… em São Paulo! É que embora eu tenha um dentista bem ok – não tenho do que reclamar – a gente começou a bater de frente sobre um ponto específico: a estética dos meus dentes.

Eu sei, eu sei, classe média sofre.

Para não dizer que eu nunca usei aparelhos, eu usei um sim quando tinha uns 12, 13 anos porque meu queixo era muito pra frente. Era um daqueles aparelhos móveis, onde minha lingua ficava presa ao meio e eu tinha que usá-lo no mínimo 23 horas ao dia. Mérito alcançado porque nesta idade eu era ainda bem pau mandado e tinha medo das broncas de casa. O tratamento foi rápido, eficiente e eu aprendi a falar com os dentes fechados – tente ai pra ver como é estranho.

Mas isso tudo foi lá nos anos 90.

Agora nos anos 2021, na era digital, dos vídeos, onde somos confrontados 12 horas ao dia por uma câmera, percebi que meus dentes que sempre foram retinhos, estavam entortando. E isso começou a me incomodar. Bastante. E eu sou daquelas que foge de todos os tipos de procedimentos médicos e estéticos invasivos, mas quando algo me incomoda de verdade, eu busco solução.

O conselho do dentista holandês e a ortodontista brasileira

Bem, marquei consulta com meu dentista holandês e fui discutir meu “problema” com ele. Eu poderia ter voltado felizona pra casa, afinal, segundo ele, a questão não era tão má. Meus dentes não estavam ruins, pelo contrário, tudo isso fazia parte do envelhecimento, bla, bla bla. Ele terminou dizendo que eu poderia procurar um ortodontista se quisesse, mas que realmente não era necessário.

E foi neste momento que eu me peguei buscando meus contatos do Brasil. Afinal, a irmã da prima da vizinha da minha irmã (cof cof) tinha colocado um desses aparelhos invisíveis por alguns meses e com o euro nas alturas eu pagaria o valor de um saco de pipoca no meu tratamento. No Brasil.

Antes que eu marcasse consulta por impulso, lembrei da obturação e de não querer perder tempo em dentista durante as férias. Então, como já tinha me ocorrido uma vez, decidi que era hora de buscar um ortodontista local, alguém que me ouvisse. E tem coisa melhor do que conversar com um profissional do seu país, com o mesmo background e o mesmo idioma que você? Pois bem, nesse tempo comecei a falar (pelo Instagram) com a Dra Beatriz Betti, dentista e ortodontista em Amsterdam! Sério. Sabe coisa-do-destino-o-universo-conspirou-para-isso? Então.

Aparelho nos dentes depois de velha

Marquei uma ligação com a Beatriz, expliquei “meu problema” e ela me recomendou:

  1. trocar meu plano de saúde para um que tivesse uma cobertura melhor de ortodontia;
  2. marcar uma consulta com ela em 2022.

E eu, obediente que sou, assim o fiz. Agora estou aqui, com meu Invisalign (aquele aparelho transparente) falando como se tivesse uma batata na boca e com dor nos dentes que estão se ajustando. E tô feliz, viu? Estou finalmente arrumando meus dentes e de presente conheci uma dentista brasileira em Amsterdam.

Uma querida. Gostei tanto dela que até gravamos juntas, olha aqui:

O tratamento é simples, no meu caso serão apenas 14 semanas. Também é um procedimento sutil e acredito que aos poucos vou me acostumar com a sensação de ter dois pedaços de plástico na boca. Bem, para quem no passado já usou um aparelho por horas a fio e aprendeu a falar sem movimentar os dentes, acho que este processo vai ser suave. É o que espero.